A Casa d@ Mariquinhas
Não tem janela com tabuínhas, o que é uma pena, mas não é por isso que tem menos encanto. A rua não é bizarra, mas tem algumas características sui géneris - a Isaura do 33 que todos os sábados presenteia o bairro com um best of de Nel Monteiro, as hordas de turistas que me passam à porta e tentam espreitar-me a casa pelo postigo entreaberto, os três cães minusculos que têm dono, mas não parece, e entram em casa de toda a gente com o maior descaramento, o Sr. António que domina o mercado imobiliário da zona, e muito mais.
Também não tem uma guitarra lá dentro, mas há alegria constante e cantorias desenfreadas enquanto se passa a esfregona pelo chão ou o pano pelo pó dos móveis. Felizmente as paredes são grossas e os vidros sólidos. A qualquer momento pode estalar um faduncho...
"É numa rua bizarra
A casa da Mariquinhas
Tem na sala uma guitarra
E janelas com tabuinhas
Vive com muitas amigas
Aquela de quem vos falo
E não há maior regalo
Que a vida de raparigas
É doida pelas cantigas
Como no campo a cigarra
Se canta o fado à guitarra
De comovida até chora
A casa alegre onde mora
É numa rua bizarra
Para se tornar notada
Usa coisas esquesitas
Muitas rendas, muitas fitas
Lenços de cor variada.
Pretendida, desejada
Altiva como as rainhas
Ri das muitas, coitadinhas
Que a censuram rudemente
Por verem cheia de gente
A casa da Mariquinhas
É de aparência singela
Mas muito mal mobilada
E no fundo não vale nada
O tudo da casa dela
No vão de cada janela
Sobre coluna, uma jarra
Colchas de chita com barra
Quadros de gosto magano
Em vez de ter um piano
Tem na sala uma guitarra
P'ra guardar o parco espólio
Um cofre forte comprou
E como o gaz acabou
Ilumina-se a petróleo.
Limpa as mobílias com óleo
De amêndoa doce e mesquinhas
Passam defronte as vizinhas
P'ra ver o que lá se passa
Mas ela tem por pirraça
Janelas com tabuinhas"
Letra: Silva Tavares
Música: Alfredo Duarte (Marceneiro)
A casa da Mariquinhas
Tem na sala uma guitarra
E janelas com tabuinhas
Vive com muitas amigas
Aquela de quem vos falo
E não há maior regalo
Que a vida de raparigas
É doida pelas cantigas
Como no campo a cigarra
Se canta o fado à guitarra
De comovida até chora
A casa alegre onde mora
É numa rua bizarra
Para se tornar notada
Usa coisas esquesitas
Muitas rendas, muitas fitas
Lenços de cor variada.
Pretendida, desejada
Altiva como as rainhas
Ri das muitas, coitadinhas
Que a censuram rudemente
Por verem cheia de gente
A casa da Mariquinhas
É de aparência singela
Mas muito mal mobilada
E no fundo não vale nada
O tudo da casa dela
No vão de cada janela
Sobre coluna, uma jarra
Colchas de chita com barra
Quadros de gosto magano
Em vez de ter um piano
Tem na sala uma guitarra
P'ra guardar o parco espólio
Um cofre forte comprou
E como o gaz acabou
Ilumina-se a petróleo.
Limpa as mobílias com óleo
De amêndoa doce e mesquinhas
Passam defronte as vizinhas
P'ra ver o que lá se passa
Mas ela tem por pirraça
Janelas com tabuinhas"
Letra: Silva Tavares
Música: Alfredo Duarte (Marceneiro)
Entretanto as frases mais recorrentes são "é a tua cara!" e "podias fazer isto assim, e pôr ali um não sei quê..."
Seja como for estou a rebentar de orgulho, vaidade e felicidade. Como diz uma vizinha e colega, estou tão inchado que não me cabe nem um palhinha no rabo.
1 Comments:
At 9:24 da tarde, Tiago said…
e é sempre assim com a casa nova. depois passa, deixa lá.
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