O Bairro do Amor

Uma varanda debruçada para a vida

sábado, janeiro 15, 2005

Entusiasmo

Quem passou a vista pelas postas mais recentes d'o Bairro do Amor poderá ter ficado com a sensação de que eu estava apaixonado. Não é verdade. Mas percebo que tenha passado essa ideia.
É verdade que conheci alguém que, à primeira vista, me desperta um forte interesse.
É verdade que esse interesse está longe de ser casto e inocente.
É verdade que tenho tentado aproximar-me dessa pessoa, no sentido de perceber se há mais alguma coisa que me interesse para lá de um rosto bonito.
É verdade que me agrada a simples ideia de existir alguém que me desperte o interesse adormecido, que me entusiasme, que me faça correr, que me faça ansiar, que me estimule a fantasía.
É verdade que gosto de cultivar este estado de coisas, e compreendo que, visto de fora, possa parecer demasiado arrebatado e intenso.
É verdade que, também eu, embora não pareça, sofro de medos, inseguranças, incertezas, e que isso condiciona a minha forma de agir e pensar. E a partir deste ponto só conheço dois caminhos: um deles passa por calar e esconder os sentimentos, erguer defesas a fim de evitar decepções e angústias; o outro, oposto, constrói-se através da expressão dos afectos. O primeiro é estéril, o segundo é escorregadio.
É verdade que gosto de construir castelos nas núvens e pintá-los de cores berrantes.
É verdade que, por vezes, fecho os olhos e penso em tí, e imagino-nos de mãos dadas a partilhar o mundo. Puro lirísmo, sem consequência. Reflexo condicionado.
É verdade que as cores da amizade não são estanques, misturam-se e variam, consoante a luz que sobre elas incide.
É verdade que não tenho a certeza de nada, raramente sei o que quero, e posso enganar-me em relação ao que não quero. O que penso hoje pode ser diferente do que pensarei amanhã. O que encontro muitas vezes não é aquilo que procurava.
Posto isto, o que posso dizer mais? Que gosto de ti, Rui. Que quero conhecer-te mais e melhor, que quero tocar-te - a alma e o corpo -, que espero que queiras o mesmo, que se deixares de o querer sejas honesto, que eu seja capaz do mesmo, que não te assustes com o meu dramatismo, que a minha fantasía esteja à tua altura e... mais nada.

1 Comments:

  • At 4:22 da tarde, Blogger A said…

    So... you´re not in love, hum?
    ;)

    Espero que a tua "fantasia" encontre feedback real e que o Rui mereça as chaves do teu castelo.

    P.S. :
    o texto é lindo.
    Não tenhas medo...
    Go for it.
    :)

     

Enviar um comentário

<< Home