Reflexão
Amanhã é dia de eleições legislativas. Amanhã vou pegar nas minhas perninhas, combater a preguiça e o cansaço, e vou cumprir o meu dever/direito cívico. De outro modo não teria moral alguma para passar os próximos quatro anos a desancar a classe política nacional. E escarraria na memória de todos aqueles que sonharam, lutaram, sofreram e até morreram para que eu pudesse exprimir o que penso.
Vou pegar no papelito e marcá-lo com uma cruzinha. Não vou votar em branco. Se não me sentisse minimamente representado por uma das forças politicas a concurso votaria em branco. Se não me sentisse representado, e se achasse que não tinha a capacidade, nesse caso, para intervir activamente, no sentido de alterar esse estado de coisas, então, votaria em branco.
Vou votar no Bloco de Esquerda. Não sou militante, mas já estive mais longe disso. Nomeadamente quando fui um activíssimo militante do PS e da JS, no início do Guterrismo. Enfim, tinha 18 anos e era idealista e ingénuo. Hoje continuo a se-lo, mas o cinismo é mais forte.
Vou votar no Bloco de Esquerda porque:
* Ideologicamente considero-me um social-democrata, no sentido original da expressão. Em Portugal esta ideologia é representada pela ala esquerda do PS e por uma parte importante do BE.
* Os partidos são constituidos por pessoas. Conheço bem as que constituem o PS, e não me identifico com elas. Conheço menos bem as do BE, mas sinto bastante afinidade com a sua forma de ver o mundo.
* O programa eleitoral do BE é aquele que formúla questões e apresenta soluções que vão mais directamente de encontro ás minhas preocupações e convicções.
* Não vou votar no BE por ser meu desejo vê-lo no Governo. Não considero que, para já, tenham capacidade para tal. Acredito, no entanto, que continuarão a fazer um excelente trabalho como oposição. Serão um contrapeso à direita reaccionária e populista. Serão um motor para a construção de uma sociedade mais equilibrada, mais justa, mais aberta, mais progressiva, mais atenta, mais interventiva e, sobretudo, mais livre. E serão uma barreira contra aqueles que prentendem substituir a consciência de cada um dos portugueses. Estou a falar dos dirigentes do CDS-PP e do PPD/PSD, que defendem posições autoritárias e retrógradas em matérias como a IVG, o casamento entre pessoas do mesmo sexo, a adopção por homossexuais, a Lei das Drogas ou a eutanásia, entre outras. E estou a falar de partidos como o PND e o PNR, os quais, simplesmente, seriam excluídos de um mundo que se regesse pelos seus valores e convicções.
* Posso não estar inteiramente de acordo com todas as posições que o BE tem vindo a assumir. No entanto, em termos globais, é a força politica que melhor me poderá vir a representar na Assembleia da República. Por isso, e perante a impossibilidade de baixar os braços e desistir, amanhã, 20 de Fevereiro de 2005, vou votar no Bloco de Esquerda.
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