O Bairro do Amor

Uma varanda debruçada para a vida

quinta-feira, dezembro 01, 2005

O Amor e a Cidade

O corpo recusa-se a acompanhar a mente ou o espirito. O meu bilhete de identidade diz que tenho 27 anos; comporto-me como se tivesse 19; o meu corpo leva-me a crer que cheguei à meia idade. Talvez seja efeito de uma ressaca descomunal. Ou talvez a ressaca seja mais um efeito do que uma causa.

Seja como for é algo perturbador discernir um certo mimetismo nestas sensações e comportamentos, a ainda mais quando se identifica a sua fonte. Bridget Jones, Carrie, Samantha, Karen e Patsy são, para mim referências, do mesmo modo que, para outras pessoas, em outros tempos e outros lugares, o foram Madame Bovary, Anna Karenina, Marguerite Gautier ou as heroinas das histórias de Jane Austen.

Também há o Robert, do "Alta Fidelidade", o Hugh Grant no " Quatro casamentos e um funeral", o Mr.Ripley, o Psicopata Americano e alguns personagens do David Leavitt. E começo a perceber um certo padrão: personagens de ficção. Inspirados em pessoas reais, ou não, a verdade é que todos estes nomes e respectivas idiossincracias, não existem e, portanto, tiveram que ser inventados (e incarnados).

A dúvida é: será saudável um individuo real comportar-se como um personagem de ficção inventado, provavelmente, por um criador com evidentes perturbações mentais?

A resposta só pode ser Não sei. E sinceramente não me preocupa muito. Preocupa-me mais - e é isto que me aproxima dos referidos personagens - a busca pela felicidade e por esse grande mito, o Amor. Temos outras coisas em comum, nomeadamente o facto de nos inserirmos num mesmo meio, a ampla classe media das grandes cidades do mundo ocidental. Somos entidades urbano-depressivas, perdidas nos labirintos de betão, em busca de algo que ninguém conseguiu definir de forma peremptória.

Somos limitados e compartimentados, ansiamos por liberdade e horiozontes longinquos, somos fúteis e profundos na mesma dimensão, incoerentes, inconstantes, incompreendidos e insaciáveis. A nossa maior batalha é pela felicidade, e no entanto não somos infelizes. Somos incompletos e recusamo-nos a perceber (aceitar) que essa será sempre a nossa condição até ao fim dos tempos, por mais livros cor de rosa que se escrevam, e filmes americanos que se produzam, a propagandear que dois seres, juntos, se podem completar.

Na dúvida continua-se a tentar e a teimar.

Se há uma certeza que tenho é a de que na próxima oportunidade - e o fim de semana já aí vem! - vou voltar a comportar-me como um indivíduo algures entre a adolescência e a meia idade, beber demais, flirtar com toda a gente, olhar para os homens bonitos e pensar "serás tu?", vomitar, correr meia Lisboa a pé, desde Alcântara a Alfama, passando por S.Bento porque entretanto me perdi e não há táxis, tentar não chorar quando dou por mim sozinho em casa, acordar no outro dia, para ir trabalhar, e sentir-me mal a todos os niveis, mas com a consciência que tudo vai melhorar.

4 Comments:

  • At 10:58 da tarde, Blogger José Santos said…

    Só tu tens "chave" para mudares. Os homens com o síndroma de Peter Pan têm graça até um certo ponto.
    Acho que mesmo tu tens consciência de que - Já chega!

    Be happy!

     
  • At 6:13 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    pois...
    é a vida. ninguém disse que era fácil, mas também nunca acreditámos quando nos diziam que era tão difícil.

     
  • At 7:10 da tarde, Blogger sr_raposo said…

    hum...
    temos mesmo de tomar um cafezinho e carpir em sintonia.

     
  • At 10:46 da tarde, Anonymous Anónimo said…

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