O Bairro do Amor

Uma varanda debruçada para a vida

sábado, agosto 13, 2005

Rapaz do bengaleiro do Frágil (12)


Que lindo! Isto já está a adquirir contornos de telenovela!
Se é assim...

Sexta-Feira. Quase duas da manhã.

Astianax aproxima-se da porta da discoteca. Apesar da temperatura elevada e do ar abafado, sente o corpo coberto de suores frios. Entra, como que em transe, e cumprimenta os porteiros, polidamente, como é habitual, mas o seu pensamento está completamente concentrado no bengaleiro.

Panico. Quem é aquele miúdo que está no lugar do Rapaz do bengaleiro do Frágil!?

Astianax fica descoroçoado. Já não há nada ali que faça sentido, já nada vale a pena, nada o prende àquele lugar. A não ser o sorriso cativante de um jovem ao pé do bar, com uns olhos muito bonitos e expressivos.

Astianax reflecte, perturbado, sobre a tendência para se sentir atraído por tipos de cabelo rapado.

O Rapaz do sorriso cativante, olhos bonitos e expressivos e cabelo rapado continua a sorrir timidamente. Astianax retribui, enquanto disserta mentalmente sobre a sua volubilidade e instabilidade afectiva. "És um fácil!", diz para os seus botões, ao que estes respondem, "A palavra correta não é fácil. É P(censurado)!!!"

Astianax ignora os seus botões. Continua a sorrir para o Rapaz do sorriso cativante, olhos bonitos e expressivos e cabelo rapado. Decide ir ter com ele e meter conversa, para abafar o sofrimento da perda do Rapaz do bengaleiro do Frágil.

Eis que, de repente, vindo do nada, o Rapaz do bengaleiro do Frágil como que se materializa à sua frente. Astianax hesita. Cumprimenta-o, com os grunhidos do costume. Depois fica catatónico.

Três cuba-libres, meio maço de cigarros e muitos pensamentos perturbadores depois, Astianax decide ir-se embora, mentalmente cansado e com os nervos em franja.

Astianax é do signo Caranguejo. Dizem as más linguas que os nativos deste signo andam para trás, e que são um bocadinho infantis ao nível dos afectos. Eu digo que andam para o lado, em espiral, o que, como se sabe, constitui provavelmente o percurso mais distante entre dois pontos. Que cancro!

5 Comments:

  • At 1:34 da manhã, Blogger Tiago said…

    pois deixa-me cintradizer-te, como caranguejo q sou. n andamos para o lado para trás ou qq outra direcção q n seja um penoso e masoquista avanço. mas é sempre para a frente. mesmo q sozinhos e autistas. sendo o rapaz do bengaleiro um mito e uma utopia, pq haverias tu de sentir o impulso de lhe ires falar? no fundo, n tens esse desejo. é só uma projecção. como seguiu a novela do rapaz de cabelo rapado?

     
  • At 1:39 da manhã, Blogger Nic said…

    huummm... o fragil continua enigmatico...
    para ti, acho que nao devias ouvir os teus botoes, ninguem e' facil nem P... apenas ha uma tendencia no reino animal que nos atrai ao prazer.
    :)
    see u soon

     
  • At 1:04 da manhã, Blogger UniversitYliopisto said…

    deixa de ir ao frágil.
    o problema está de certeza aí.

    cheers.

     
  • At 4:06 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Rapazes de cabelo rapado, olhos cativantes e sorrisos expressivos sempre surgirão em sua vida, e, francamente, nada mau.

     
  • At 4:11 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    "És um fácil": problema nenhum em ser fácil, Astianax! Nada mais belo que um homem assumir isso a outro homem. Não és um ...p: Estás aproveitar a vida. Vida se aproveita: cada um faz como bem entender. Um beijo, boa recordação do jovem: ele está à procura de qualidades que encontrou em ti. Não se trata apenas do reino animal. Trata-se do Império Humano. Felicidades. Por mim, voltaria ao rapaz, com a ressalva: nem tudo que reluz é ouro. De minha conta, escolho outros olhos. De minha conta.

     

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