Cavaco NÃO, Cavaco NUNCA!
Ainda tenho uma pontinha de esperança, da dimensão de uma luz de presença, de que haja uma hecatombe eleitoral, de que todas as sondagens estejam viciadas e Cavaco não vença. O meu lado mais racional diz-me que é uma tolice, mas a realidade deixa-me arrepiado e enojado.
O mínimo, - e não é muito, num cenário suficientemente negativo,- que desejo é que Cavaco não vença logo na primeira volta. Caso isso aconteça não sei quais serão os meus sentimentos em relação a mais de metade do eleitorado deste país, o que é praticamente o mesmo que dizer, a maior parte do povo português.
Rejeitar os resultados seria pouco democrático e arrogante. Mas não sinto capacidade para os aceitar resignadamente. Já há algum tempo que me sinto pouco identificado com esta massa dificil de definir a que convencionalmente se tem chamado de "povo português". Em alguns momentos, que se têm avolumado e intensificado, chego a sentir vergonha de pertencer a essa massa. A eventual vitória de Cavaco na primeira volta será um desses momentos.
Se Cavaco vencer as eleições, na minha perspectiva, fica de uma vez por todas provada a propensão do povo português para a mediocridade, o conformismo, o facilitismo, o caciquismo, o novo-riquismo, o saudosismo, o messianismo, o salazarismo, o chico-espertismo, o provincianismo,o paternalismo e mais uma centena de ismos pouco abonatórios, a juntar a uma boa dose de ignorância, estupidez (ingenuidade?) e orgulho empoeirado.
Ah e aproveitando o momento de me armar em José Gil, gostava de dizer que o proverbial desenrascanço de que tanto nos orgulhamos não é mais do que a flagrante prova da nossa mediocridade. Quando existirem neste país cabeças dispostas e aptas a pensar pelos seus próprios meios, sem medo de ferir susceptibilidades e compadrios, capazes de assumir responsabilidades, aptas a um tipo de acção organizado, funcional, eficiente, exigente e profissional, o desenrascanço deixará de ser necessário e, sobretudo, motivo de orgulho.
Nesse dia Cavaco Silva, e sucedâneos, deixarão de ganhar eleições em Portugal.
Para já, perante os cenários projectados, a maior tentação é a de atirar a toalha ao chão, desistir, virar costas, divorciar-me, ir para Berlim nas férias e não voltar. Não é que não haja mediocridade e provincianismo por aquelas bandas, mas são menos evidentes.
2 Comments:
At 3:53 da tarde,
Anónimo said…
Cavaco é um Gajo Porreiro
At 11:58 da tarde,
Anónimo said…
bom blog..
bons textos...
sou nova aqui...
se puder venha ao meu blog, leia o meu texto e comente...
cumprimentos
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