O Bairro do Amor

Uma varanda debruçada para a vida

domingo, janeiro 22, 2006

Cavaco NÃO, Cavaco NUNCA!


Ainda tenho uma pontinha de esperança, da dimensão de uma luz de presença, de que haja uma hecatombe eleitoral, de que todas as sondagens estejam viciadas e Cavaco não vença. O meu lado mais racional diz-me que é uma tolice, mas a realidade deixa-me arrepiado e enojado.

O mínimo, - e não é muito, num cenário suficientemente negativo,- que desejo é que Cavaco não vença logo na primeira volta. Caso isso aconteça não sei quais serão os meus sentimentos em relação a mais de metade do eleitorado deste país, o que é praticamente o mesmo que dizer, a maior parte do povo português.

Rejeitar os resultados seria pouco democrático e arrogante. Mas não sinto capacidade para os aceitar resignadamente. Já há algum tempo que me sinto pouco identificado com esta massa dificil de definir a que convencionalmente se tem chamado de "povo português". Em alguns momentos, que se têm avolumado e intensificado, chego a sentir vergonha de pertencer a essa massa. A eventual vitória de Cavaco na primeira volta será um desses momentos.

Se Cavaco vencer as eleições, na minha perspectiva, fica de uma vez por todas provada a propensão do povo português para a mediocridade, o conformismo, o facilitismo, o caciquismo, o novo-riquismo, o saudosismo, o messianismo, o salazarismo, o chico-espertismo, o provincianismo,o paternalismo e mais uma centena de ismos pouco abonatórios, a juntar a uma boa dose de ignorância, estupidez (ingenuidade?) e orgulho empoeirado.

Ah e aproveitando o momento de me armar em José Gil, gostava de dizer que o proverbial desenrascanço de que tanto nos orgulhamos não é mais do que a flagrante prova da nossa mediocridade. Quando existirem neste país cabeças dispostas e aptas a pensar pelos seus próprios meios, sem medo de ferir susceptibilidades e compadrios, capazes de assumir responsabilidades, aptas a um tipo de acção organizado, funcional, eficiente, exigente e profissional, o desenrascanço deixará de ser necessário e, sobretudo, motivo de orgulho.

Nesse dia Cavaco Silva, e sucedâneos, deixarão de ganhar eleições em Portugal.

Para já, perante os cenários projectados, a maior tentação é a de atirar a toalha ao chão, desistir, virar costas, divorciar-me, ir para Berlim nas férias e não voltar. Não é que não haja mediocridade e provincianismo por aquelas bandas, mas são menos evidentes.

2 Comments:

  • At 3:53 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Cavaco é um Gajo Porreiro

     
  • At 11:58 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    bom blog..
    bons textos...

    sou nova aqui...

    se puder venha ao meu blog, leia o meu texto e comente...

    cumprimentos

     

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