O Bairro do Amor

Uma varanda debruçada para a vida

domingo, fevereiro 27, 2005

A minha vida dava um livro




Devia considerar seriamente a hipótese de mudar de profissão. Trabalhar com livros é lindo, dá-me um gozo enorme, mas não é nada saudável. O meu relacinamento com estes estranhos objectos está cada vez mais intenso. Isso pode ser bom, mas só até certo ponto. Acho que já passei o limite aconselhável.

Há momentos em que tenho dúvidas sobre se vivi determinados acontecimentos, ou se os li. Construí um sistema de classificação dos meus amigos, e demais pessoas com quem me relaciono, por autor: O João é um personagem de um livro do Lobo Antunes, a Maria parece ter saido da cabeça do Michael Cunningham, o Ricardo poderia ter sido inventado pelo Bret Easton Ellis e a Ana cabia perfeitamente no universo da Rita Ferro. A minha vida podia ser dividída em capítulos exactos, de três páginas cada um. E mesmo os episódios mais marcantes parecem seguir uma estrutura baseada em técnicas de escrita creativa.

Posto isto, vislumbro duas saídas, para esta situação preocupante: escrevo um livro, tipo diário, ou coisa do género, sem grandes pretensões, apresento-o à Oficina do Livro; ou então, dada a minha falta de disciplina e criatividade, arranjo um emprego atrás de uma secretária, começo a tomar anti-depressivos, e nunca mais me aproximo de um livro.

Venha o diabo e escolha. Eu não consigo.

4 Comments:

  • At 9:40 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Mentalmente perturbado por achar o Ben Stiller atraente? Não. A hipótese de escrever para a Oficina do Livro é muito pior...

     
  • At 8:05 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Ó meu amigo!?!?... Tou a ficar preocupada... e de facto venha o diabo e escolha, que eu também não consigo...
    Mas acho que não precisas de recorrer a medidas tão drásticas. Para aguçar a tua criatividade, podes sempre: pintar um quadro; tomar ampolas que estimulem a massa cinzenta e especificamente a parte dedicada à criação artística; viajar ou passear (caso haja um limite financeiro tão comum a todos nós!); bater em alguém só para libertar o stress; deixar de ver televisão; já para não falar nos recursos alucinogénicos mais habituais (bubidas, drogaszz, cola UHU, a "substância" espelida pelos tubos de escape, etc)que,como o nome indica, ajudam a conceber "imagens criativas lindissímas" que ao serem transpostas para o mundo literário, terão o aplauso caloroso e, quiçá, invejoso da critica e do publico em geral. Diz-me, depois, como é que as coisas correram! Um abraço.

     
  • At 11:32 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Tadinho!!!
    Tu, também, é umas atrás das outras. Não tens descanso. E não tou a falar de gajas!!!!

     
  • At 2:07 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Bater em alguem só para libertar o stress?? Podes bater em mim! LOL

     

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