O Bairro do Amor

Uma varanda debruçada para a vida

quinta-feira, março 24, 2005

O Factor Trashmagnet



Não sou própriamente fã da Júlia Roberts. Mas gosto dela. Talvez devido ao facto de ela ter sido responsável por uma das mais importantes tomadas de consciência da minha vida.

Há uma cena no "Pretty Woman" em que ela explica como acabou por se tornar uma "apóstola das estradas". Um dos factores terá sido o facto de ela ter incorporado um trashmagnet: um aparelho que atraía, inevitavelmente, o mais acabado exemplar de escumalha humana localizado num raio de 500 km.

Tal como a Júlia, eu também tenho um trashmagnet!

Como qualquer príncipe ou princesa que se preze, fui visitado no berço por uma série de fadas. Para não fugir ao cliché, uma das fadas era má, a outra menos má (ela, no fundo, era boazinha; não tinha era jeito para... fadar!)

A fada menos má presenteou-me com um gaydar defeituoso - em plena festa da espuma do Trump's consigo ter dúvidas em relação à orientação sexual de alguns indivíduos! A má incorporou-me um trashmagnet.

O funcionamento da coisa é simples. Imaginem uma sala cheia de gajos (giros, se possível). Eu entro, faço o reconhecimento e xarãn! no meio da multidão consigo localizar o pior elemento - mau carácter, traiçoeiro, incontinente sexual, personalidade desviante, paranóico ou esquizofrénico, viciado em qualquer coisa, socialmente desadequado e desajustado, provavelmente advogado e do signo gémeos, - e pronto, o mais certo é arranjar maneira de o conhecer e apaixonar-me. Nunca falha. E nunca corre bem.

Um dos meus escritores fetiche, Hanif Kureishi, resume a situação assim:
«Somos infalíveis na nossa escolha de amantes, particularmente quando precisamos da pessoa errada. Existe um instinto, uma força magnética ou uma antena que busca o inadequado. A pessoa errada é, obviamente, certa para determinadas coisas - para nos punir, oprimir ou humilhar, para nos desiludir, abandonar ou, pior ainda, para nos dar a impressão de não ser inadequada, mas quase certa, mantendo-nos assim presos no limbo do amor.
Não é toda a gente que é capaz de fazer isto.»

É caso para dizer: - Fada-se!

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