O Bairro do Amor

Uma varanda debruçada para a vida

sexta-feira, julho 22, 2005

Ambiente fim de regime

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aqui tinha escrito sobre um certo ambiente a cheirar a fim de regime que perfuma este país. Durante alguns meses, - ingenuamente, admito, - pareceu-me que se tinha esbatido um pouco. Mas, eis que, quando menos espero, abro a janela e... levo com uma lufada de ar pútrido na cara, que é para aprender a não ser tolinho.

Não votei no PS, e em José Sócrates, mas, até há pouco tempo, permiti-me acreditar que estes senhores poderiam fazer algo de menos negativo por este país do que os governos anteriores. De facto, não era difícil. Bastava aplicar um pouco de seriedade, de ponderação, de exigência e rigor, no exercício do poder.

Existia apenas um factor que me permitia manter viva esta ilusão: o ministro das finanças, Campos e Cunha.

Agora, Campos e Cunha foi-se embora. Farto, presumo eu, da leviandade casmurra de um primeiro-ministro que, até pode saber para onde quer ir, mas não sabe como, nem por onde. Cansado, creio, de tentar travar os projectos faraónicos e imponderados dos seus medíocres colegas de governo. Enojado, acredito, com uma comunicação social cada vez mais promíscua, que, por falta de inteligência e formação, se comporta com uma alienação em relação à realidade, só comparável à da classe política.

Este governo fica, definitivamente, refém dos lobbys empresariais e do aparelho partidário.

Outro aspecto relevante é o processo de escolha do candidato presidencial do PS. Manuel Alegre!? Freitas do Amaral!?!? Mário Soares!?!?!?

Quase dá vontade de votar no Cavaco. Mas eu até tenho boa memória, e não me esqueço do que o cavaquismo fez por este país, e da minha jura de, nunca na vida, em quaisquer circunstâncias, votar em Cavaco Silva.

Entretanto fico muito contente por saber que Marques Mendes é um homem de coragem, sem medo de afrontar os interesses instalados, que quer devolver a credibilidade à politica e, portanto, não vai engolir as obscenidades de Alberto João Jardim. Sim, claro, estava a ser irónico.

Enquanto tudo isto acontece onde está, o que faz Jorge Sampaio? Observa, talvez. Não era agora, a meio ano do fim do mandato que ia começar a fazer alguma coisa, sem que a isso seja forçado.

Depois venham falar-me em figuras tutelares, grandes líderes e salvadores da pátria.

3 Comments:

  • At 9:38 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Ora eu lembro-me muito bem do post em rescaldo das eleicoes, aliás foi esse mesmo que deu origem ao meu primeiro comentário neste blog, na altura ainda sob o estatudo anónimo. E como política é aquele tema que me motiva, porque ela é cidadania, tenho que tirar o chapéu mais uma vez a semelhante olho clínico. Eu cá gosto da abordagem do Sócrates, sempre gostei, nao fosse eu sensível as questoes ambientais. Mas como nao tenho estado nos ultimos tempos pelo pais digamos que nao posso defender o que nao pude avaliar.

    Ja agora agradeco o link para o blog no qual participo, embora nao seja o meu blog, apenas contribuo para ele na medida do possivel. Um bem-haja!

     
  • At 9:43 da tarde, Blogger José Santos said…

    Eu também já vi melhores dias para este governo. Isto terá algum fim? Ou melhor, algum princípio de melhoras?

    Mas também, quem nos manda a nós acreditar em politicos!...

    We never learn!

     
  • At 2:21 da tarde, Blogger José Santos said…

    Dizes muito bem que:
    "Quase dá vontade de votar no Cavaco. Mas eu até tenho boa memória, e não me esqueço do que o cavaquismo fez por este país, e da minha jura de, nunca na vida, em quaisquer circunstâncias, votar em Cavaco Silva."

    Pois eu também não me esqueço, mas parece que há aí muita gente que quer que as merdas que ele fez sejam esquecidas, não é verdade...

    Eu até considero que desde essa altura e da saída antecipada do Cavaco do poder que o país nunca mais se levantou!...

    E agora querem-no no "poleiro" de novo???

     

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