O Bairro do Amor

Uma varanda debruçada para a vida

sábado, agosto 27, 2005

Für Christopher


Não será amor, não é tão profundo. Não será paixão, não é tão intenso.

É uma sensação de conforto, de proximidade, de intimidade, envolta em quietude e plenitude.

É como formular um desejo, e vê-lo materializar-se. É como respirar fundo o ar puro de um bosque, ao sair de um quarto abafado. É como acordar de um sono profundo e regenerador, após um periodo de exaustão.

Não me canso de olhar para o teu rosto, de percorrer os seus traços com as pontas dos dedos, de te tocar, de te descobrir os contornos do corpo, de te abraçar, de me deixar adormecer nos teus braços, e de acordar com o teu beijo.

Não me canso do teu olhar perdido, da tua expressão de surpresa, do modo como os teus lábios se contraem enquanto pensas.

Não me canso de te fazer perguntas, de te espicaçar a curiosidade, de te provocar um sorriso.

É assustador.

É simplesmente belo, como um fogo de artifício. Talvez seja na efemeridade que reside esta beleza. Talvez seja melhor assim.

segunda-feira, agosto 22, 2005

don@ de casa desesperad@ (3)


Não me faltava mais nada. Agora tenho um hóspede. Indesejado, diga-se de passagem. A casa - cada vez mais conhecida por "o armário", - já não é muito grande, agora ainda tenho que a partilhar com uma personagem clandestina e fugidia: uma lagartixa!

sábado, agosto 13, 2005

Rapaz do bengaleiro do Frágil (12)


Que lindo! Isto já está a adquirir contornos de telenovela!
Se é assim...

Sexta-Feira. Quase duas da manhã.

Astianax aproxima-se da porta da discoteca. Apesar da temperatura elevada e do ar abafado, sente o corpo coberto de suores frios. Entra, como que em transe, e cumprimenta os porteiros, polidamente, como é habitual, mas o seu pensamento está completamente concentrado no bengaleiro.

Panico. Quem é aquele miúdo que está no lugar do Rapaz do bengaleiro do Frágil!?

Astianax fica descoroçoado. Já não há nada ali que faça sentido, já nada vale a pena, nada o prende àquele lugar. A não ser o sorriso cativante de um jovem ao pé do bar, com uns olhos muito bonitos e expressivos.

Astianax reflecte, perturbado, sobre a tendência para se sentir atraído por tipos de cabelo rapado.

O Rapaz do sorriso cativante, olhos bonitos e expressivos e cabelo rapado continua a sorrir timidamente. Astianax retribui, enquanto disserta mentalmente sobre a sua volubilidade e instabilidade afectiva. "És um fácil!", diz para os seus botões, ao que estes respondem, "A palavra correta não é fácil. É P(censurado)!!!"

Astianax ignora os seus botões. Continua a sorrir para o Rapaz do sorriso cativante, olhos bonitos e expressivos e cabelo rapado. Decide ir ter com ele e meter conversa, para abafar o sofrimento da perda do Rapaz do bengaleiro do Frágil.

Eis que, de repente, vindo do nada, o Rapaz do bengaleiro do Frágil como que se materializa à sua frente. Astianax hesita. Cumprimenta-o, com os grunhidos do costume. Depois fica catatónico.

Três cuba-libres, meio maço de cigarros e muitos pensamentos perturbadores depois, Astianax decide ir-se embora, mentalmente cansado e com os nervos em franja.

Astianax é do signo Caranguejo. Dizem as más linguas que os nativos deste signo andam para trás, e que são um bocadinho infantis ao nível dos afectos. Eu digo que andam para o lado, em espiral, o que, como se sabe, constitui provavelmente o percurso mais distante entre dois pontos. Que cancro!

terça-feira, agosto 09, 2005

Limpa-chaminés

Estava eu entretido, aqui há uns dias, a cozinhar arroz para o almoço quando, de repente, sem que nada o indiciasse, cai um pedaço da chaminé dentro do tacho. Fiquei chateado, pois claro que fiquei chateado. Mas não dei muita importância.

Ontem, chego a casa, a pensar no que ia fazer para o jantar, e não encontro o fogão. Descobri mais tarde que estava debaixo dos escombros da chaminé, a qual durante a tarde tinha resolvido espalhar-se pela cozinha. Devia ter ficado chateado, pois devia. Mas não conseguia parar de rir. Acho que tenho um humor doentio.

Claro que há pontos positivos neste acidente:

1 - Tão depressa não voltam a cair bocados da chaminé.

2 - Não preciso de subir as escadas para conversar com os vizinhos de cima, e pedir-lhes um raminho de salsa.

3 - Os senhores das obras poupara-me imenso trabalho e limparam-me a cozinha, mesmo o que estava sujo antes do acidente.

4 - Hoje os vizinhos de cima (responsáveis pelo desmaio da chaminé) pagaram-me o pequeno-almoço.

quinta-feira, agosto 04, 2005

Rapaz do bengaleiro do Frágil (11)

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Nunca mais é sexta-feira!
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Verão Quente

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Muito quente mesmo. E a temperatura ameaça subir ainda mais...

Jude Law

Hot! Hot! HOT!!!

Rapaz do bengaleiro do Frágil (10)


Acredito que os clientes habituais do Bairro do Amor já devem ficar à beira da náusea de cada vez que passam por cá e se deparam com mais uma manifestação da minha obsessão-compulsão erotica-platónica pelo rapaz do bengaleiro do Frágil.

Mas a verdade é que não tenho muito mais para dizer e, além disso, estou mesmo a gostar desta bizarria.

Por favor, relevem.
Isto há de acabar por passar. Ou não.

Where have you been?

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Diz o David Fonseca, a propósito de "Who are you?", o primeiro tema extraido do seu novo disco, que está é a música que sempre desejou ter feito. Eu, pessoalmente, acho que alguém lhe devia dizer que ele próprio já tinha feito esta música. Várias vezes. Aliás, acho mesmo que ele anda, há não sei quantos anos, a fazer sempre a mesma música.

A propósito, parece que os Bon Jovi também têm um álbum novo. Não vou repetir o que escrevi no parágrafo anterior.

quarta-feira, agosto 03, 2005

Rapaz do bengaleiro do Frágil (9)

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WHEN THE WORLD ENDS

Oh when the world ends
Collect your things
You’re coming with me
When the world ends
You tuckle up yourself with me
Watch it as the stars disappear to nothing
The day the world is over
We’ll be lying in bed

I’m gonna rock you like a baby when the cities fall
We will rise as the building’s crumble
Midst the burning we’ll be churning
Love will be our wings
Passion rises from the ashes
When the world ends

When the world ends
You’re gonna come with me
We’re gonna be crazy like a river bends
We’re gonna float through the criss cross of the mountains
Watch them fade to nothin
When the world ends
You know that’s what’s happenin now
I’m gonna be there with you somehow
Ah ha

I’m gonna tie you up like a baby in the carriage car
Your legs don’t work cause you want me so
You just lie spread to the wall
Love you got is surely all the love I would ever need
I’m gonna take you by my side and love you tall till the world ends

OhhhhhhhhhBut don’t you worry about a thing
No cause I got you here with me
MmmmmmmDon’t you worry about it
Just you and me
Floating through the empty empty
Just you and me
Oh graces
Oh grace

Oh when the world ends
We’ll be burning one Ah
When the world ends
We’ll be sweet makin love
Oh you know when the world ends
I’m gonna take you aside and say
Let’s watch it fade away fade away
The worlds done
Ours just begun
Ours just begun

We’re gonna dive into the emptiness
We'll be swimming
I’m gonna walk you through the pathless roads
I’m gonna take you to the top of the mountain that’s no longer there
I’m gonna take you to bed and love you
I swear like the end is here

I’m gonna take you up to
I’m gonna take you down on you
I’m gonna hold you like an angel

I’m gonna love you
I’m gonna love you
When the world ends
I’m gonna hold you
When the world is over
We’ll just be beg...
Glen Ballard e David John Matthews

Presentes de Natal

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Porque livraria prevenida vale por duas, estamos já a fazer as nossas prospecções comerciais para o Natal'05. Digam lá que não gostavam que o Pai Natal vos deixasse um destes livros nos colants!





segunda-feira, agosto 01, 2005

Rapaz do bengaleiro do Frágil (8)

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Na sexta feira à noite, dirigí-me a ele, com o coração na garganta e suores gelados, e verbalizei tudo o que me ia na cabeça, com todas as letras:

- Olá...!

FIAR 05

(Festival Internacional de Artes de Rua)

Espectacular!

Foi um presente de aniversário atrasado, mas terá sido um dos melhores presentes de aniversário atrasados que já recebi. Obrigado Musikfreak e Psi!

L'OEULF
Marie et Tonio

Un monde fait de petits mécanismes un brin rouillés, de marionnettes et masque en bois, d'objects insolites, de musique bricolée... Mais aussi le portrait en noir et blanc d'un enfant dans an univers muet bouleversé par la chute d'une étoile, une tempête de neige et des insects géants que deviennent minuscules.


Algures dentro do universo de Tim Burton, com um tempero de "Bellevile Rendez-Vous", L'OEULF é um teatro de marionetas mágico, perturbador e tocante.
Anthony e Marie recebem os espectadores numa oficina de carpintaria como se fosse um velho loft parisiense, e movem-se pelo palco como se estivessem em casa. Marie desloca-se como se vivesse permanentemente num plateau. Anthony é um homem lindíssimo, com um rosto luminoso, com um perfil que raia o cliché, de tão francês que é: magro, displicente, despenteado, decadente, sexy; podia viver num romance de Edmund White, de Evelyn Waugh ou de Victor Hugo.


Nasci no dia 25 de Dezembro. Quando era criança misturava as letras do alfabeto. Depois tive que vender um programa para cabaret na rua, mas consegui ir à escola de noite. O professor castigava-me porque escrevia com a mão esquerda. Costumava distrair-me brincando com balões...
Quando somos crianças os olhos veêm tudo acrescentado e os ouvidos ouvem tudo mais alto. Por exemplo, para mim, as formigas eram como gigantes. as noticias só contavam coisas trágicas: guerras, miséria, poluição, excesso de população, etc... Até que um dia um meteorito caiu do céu: BUM! parecia uma bomba e o meu país transformou-se num velho cenário de natal... apagado... e deserto... senti uma imensa solidão nesse pesadelo todo branco de neve... era 25 de Dezembro.
No meu caminho, escondidos também na areia, fui encontrar milhares de ovos de formiga; eram minusculos. Estavam eclodindo; um milagre! Achei que iam dar milhares de robots...
No dia 25 de Março, o Pai Natal chegou: atrasado, é verdade, mas com uma surpresa. Era primavera de uma nova despedida. Viajei muito e voltei ao meu jardim, com milhares de sonhos dentro do meu coração e milhares de estrelas dentro da minha cabeça. Agora, sei, sei que sou filho das estrelas.



QUASE A CORRER
Teresa Lima e João Grosso
Bordoada - o grupo do sarrafo

A vida é um corridinho
corre corre sem parar
desde que um homem vem ao mundo
'té que vai a enterrar.

Cruzamento da poesia de Sá-Carneiro com a poesia popular portuguesa conjugada com ritmos de percussão tradicional.

Contagiante, macabro, endiabrado. Gil Vicente e Sá-Carneiro desenterrados e ressuscitados com mestria. E os sarrafeiros estavam tão entusiasmados que parecia mal não bater palmas, ou pelo menos dar à perninha.



CARMEN FÚNEBRE
Teatr Biuro Podrózy

Carmen Fúnebre dramatiza uma zona de conflito cujos protagonistas são simultaneamente os senhores da guerra, o medo, a violência e a impotência. Figuras demoníacas numa encenação em que som, cor e coreografia são elementos estruturantes do trabalho de Pavel Szkotak.
Espectáculo distinguído com vários prémios internacionais. Foi um dos "Espectáculos Memória" da Expo'98.

Não há muitos espectáculos que me consigam afectar deste modo. Carmen Fúnebre é de uma enorme violência, a todos os níveis, mas nunca gratuita. Claro que isso é potenciado pela temática do conflito e da opressão, até porque sabemos de início que esta é uma companhia de teatro polaca. Talvez tenham uma visão crua, desencantada, até cinica, mas não fecham as portas a nenhum futuro, e se as fecham é para, a seguir, as queimar.