O Bairro do Amor

Uma varanda debruçada para a vida

sábado, abril 30, 2005

Mudança

Este blogue vai estar adormecido durante as próximas duas semanas (mais coisa, menos coisa). Vou estar aqui...


tecnologia sugerida por um amigo pop

...a ocupar e a decorar a minha nova casa. E a preparar a festa de inauguração. E a travar conhecimento com a vizinhança. E a receber os amigos. Sejam bem vindos!

sexta-feira, abril 29, 2005

ALFer Ego 2


Por mais que tente, não consigo. O meu alter-ego é descontroladamente expressivo. Não é justo! Um pessoa distrai-se e - prontos! - lá vêm os paparazis, essas hienas esfomeadas, aproveitar-se das nossas fraquezas. Vejam só:



Já não há respeito por um pobre ser fragilizado, em óbvio estado de... er... carência... afectiva. Ou talvez fosse de manhã e... bom... os homens percebem. E as mulheres que acordam com eles também.
Obrigadinho, ó Avioneta! ;)

Tango

Porque hoje é o Dia Mundial da Dança.

quinta-feira, abril 28, 2005

Feira Ecológica


Para quem se preocupa com o bem-estar, a saúde e o meio ambiente. Para viciados em compras que já atingiram a overdose de centros comerciais e lojas conceptuais. Para quem gosta de passear em Sintra ao fim de semana. Para quem vai dar uma jantarada lá em casa e está disposto a fazer um brilharete. Para quem não tem nada para fazer. Para quem estiver para aqui virado.



A abóbora menina e o rabeta vão estar a preços bem em conta!
(Perdão. Queria dizer rabanete, mas não resisti à piadola parva.)

Podem aprender coisas muito à frente, como yoga e cozinha vegetariana ao mesmo tempo, por exemplo.

Podem desenvolver-se pessoalmente e renovar energias.

E o melhor é que a entrada é livre.
Bom fim de semana!

quarta-feira, abril 27, 2005

Férias (2)


HIPÓTESE 2















Palavras para quê? Cerveja e whiskie do melhor. Teatro, poesia e cantorias sem parar. Oscar Wilde e James Joyce. Dublin. Pubs e Livrarias. Irlandeses bebados, loiros e com ar de bacorinhos.

Hmmm... o Colin Farrel não é irlandês?

Férias (1)

E se me sobrarem uns trocos, vou finalmente viajar. Isto é, se me conseguir decidir. Um-dó-li-tá...

HIPÓTESE 1











Esta hipótese acarreta questões problemáticas como: praias lindas, boa comida, cultura e história riquíssimas, dolce fare niente... and so on, and so on.

E não. O facto de o Chipre ter sempre os miúdos mais giros do Festival da Eurovisão não tem nada a ver com a minha escolha.

Terça-feira, 3 de Maio

A data do "casamento" está marcada.
O dia da festa aproxima-se.

domingo, abril 24, 2005

Coro da Primavera

Zeca Afonso



Cobre-te canalha
Na mortalha
Hoje o rei vai nu
Os velhos tiranos
De há mil anos
Morrem como tu
Abre uma trincheira
Companheira
Deita-te no chão
Sempre à tua frente
Viste gente
Doutra condição
Ergue-te ó Sol de Verão
Somos nós os teus cantores
Da matinal canção
Ouvem-se já os rumores
Ouvem-se já os clamores
Ouvem-se já os tambores
Livra-te do medo
Que bem cedo
Há-de o Sol queimar
E tu camaradaPõe-te em guarda
Que te vão matar
Venham lavradeiras
Mondadeiras
Deste campo em flor
Venham enlaçadas
De mãos dadas
Semear o amor
Ergue-te ó Sol de Verão
Somos nós os teus cantores
Da matinal canção
Ouvem-se já os rumores
Ouvem-se já os clamores
Ouvem-se já os tambores
Venha a maré cheia
Duma ideia
P'ra nos empurrar
Só um pensamento
No momento
P'ra nos despertar
Eia mais um braço
E outro braço
Nos conduz irmão
Sempre a nossa fome
Nos consome
Dá-me a tua mão
Ergue-te ó Sol de Verão
Somos nós os teus cantores
Da matinal canção
Ouvem-se já os rumores
Ouvem-se já os clamores
Ouvem-se já os tambores

Livros em Cadeia

Sobretudo por prazer, mais do que por brio profissional, eis a minha resposta ao desafio do J:

Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?

O "Livro em Branco", ora essa! O branco é uma cor que dá com tudo e nunca passa de moda. Por outro lado há que ter em conta o potencial de liberdade criativa de uma página por escrever.

Já alguma vez ficaste apanhadinh@ por um@ personagem de ficção?

Confesso que o Dorian Gray me fascina. Também gosto muito do Will, de "Sangue do Meu Sangue", do Michael Cunningham, talvez por, de alguma forma, me identificar com ele (puro narcisismo). E o Drácula, de Bram Stocker (sem comentários).

Qual foi o último livro que compraste?

"O Canto da Sereia", de Nelson Motta. Para oferecer.

Qual o último livro que leste?

"The Line of Beauty", de Allan Hollinghurst.

Que livros estás a ler?

"Closer - Quase" (sim, a peça de teatro que está na origem daquele filme com o Jude Law e o Clive Owen e aquelas duas raparigas engraçadas), de Patrick Marber; a "Odisseia", de Homero, traduzida pelo Frederico Lourenço.

Que livros (5) levarias para uma ilha deserta?

Bem, o "Robinson Crusoe" parece-me lógico e obrigatório.
"O Livro do Desassossego", do Bernardo Soares/Fernando Pessoa porque, para além de dar para fazer de jangada, provoca comichão mental, o que é sempre estimulante.
O "Dieux du Stade" porque... er... porque provoca outro tipo de comichão... e enfim... uma pessoa sozinha... numa ilha deserta...
As "Memórias de Adriano" - provavelmente o meu livro preferido de todos os tempos, como já tive oportunidade de referir.
E, finalmente, o "Livro em Branco", para poder escrever o que me apetecer ler.

A quem vais passar este testemunho (3 pessoas) e porquê?

Ao Avioneta Malabarista, na tentativa de produzir um efeito "desfibrilador, para ver se sai do estado de coma;
Ao Tiago d' O Melhor Anjo, porque tem opiniões e sentido crítico, o que é sempre bom de ler;
Ao Karmageddon, que é bem capaz de preencher uma lacuna nas respostas a este inquérito, sugerindo uma série de BD's (e afins) bem giras e interessantes, mesmo para quem não for grande fã do género. (E já agora, desculpa lá o mau jeito K.)

sábado, abril 23, 2005

23 de Abril

Hoje é o Dia Mundial do Livro.

Mas aqui, como em outros locais, ninguém parece dar pelo facto.

História da Beleza

Direcção de Umberto Eco



"Este livro parte do princípio de que a Beleza nunca foi algo de absoluto e imutável, mas assumiu rostos diferentes segundo o período histórico e a região; não só no que diz respeito à Beleza física (do homem, da mulher, da paisagem), mas também em relação à Beleza de Deus ou dos santos ou das ideias..."

"Nesse sentido, respeitaremos muito o leitor. Acontecer-nos-à mostrar que, enquanto num mesmo período histórico, as imagens dos pintores e dos escultores pareciam celebrar um certo modelo de Beleza (dos seres humanos, da natureza ou das ideias), a literatura celebrava outro. É possivel que certos líricos gregos falem de um certo tipo de graça feminina que somente veremos realizada pela pintura e pela escultura de uma época diferente."

"Por outro lado, basta pensar no espanto que sentiria um marciano do próximo milénio que descobrisse um quadro de Picasso paralelamente com a descrição de uma bela mulher num romance de amor do mesmo período. Não compreenderia a relação entre as duas concepções de Beleza. Por isso, de vez em quando, deveremos fazer um esforço e ver como é que modelos diferentes de Beleza coexistem numa mesma época e como é que outros se vão mutuamente encontrando ao longo de épocas diferentes."


Um Livro... de Luxo!

Narciso


Metamorfósis de Narciso, Salvador Dalí


O Reflexo

Quando Narciso morreu, o lago de àguas doces do seu deleite, transformou-se num charco de lágrimas salgadas, e vieram as Oréades, chorosas, através da floresta, na esperança de conseguirem confortar o lago com os seus cânticos.

E quando viram que as águas doces do lago se tinha transformado em lágrimas salgadas, soltaram as longas cabeleiras verdes e gritaram-lhe 'Não nos admira o teu pranto por Narciso, tão belo ele era.'

'Mas Narciso era belo?' disse o lago.

'Quem melhor que tu o saberá?' responderam as Oréades. 'Em nós ele nunca atentou, mas a ti ele procurava e debruçava-se nas tuas margens a olhar para as tuas profundezas, e no espelho das tuas águas admirava o reflexo da sua própria beleza.'

E o lago respondeu, 'Mas eu amava Narciso porque, enquanto ele se debruçava nas minhas margens a olhar para as minhas profundezas, no espelho dos seus olhos eu admirava o reflexo da minha própria beleza.'

Oscar Wilde
trad. Pedro Fraga

Dúvidas

Estavam duas dúvidas, feitas parvas, a nadar, a nadar, a nadar, a nadar, a nadar, a nadar, a nadar, a nadar, a nadar...

...até que morreram afogadas.

Porquê?

Porque não há... margem para dúvidas.

domingo, abril 17, 2005

Monica Bellucci

Hoje não há fotos de gajos bons. Indo de encontro à variedade de gostos de quem se passeia pelo Bairro do Amor, resolvi publicar a imagem de uma das mulheres mais belas do Mundo e arredores. Quem sabe, ainda mando erigir-lhe uma estátua, estilo Vénus de Milo, mas com bracinhos, ou algo do género. Ela merece.


Monica Bellucci

Casa da Música


'Ah porque, com o dinheiro que se gastou naquilo, dava para construir 76 Hospitais Distritais, 17 Universidades, 524 escolas, 35 918 centros de dia ou jardim-escolas, cerca de 687 952,05 ETAR's e mais ou menos 7 002 530 fogos de habitação social e mais não sei o quê.'diz o Velho do Restelo, que não é necessariamente velho nem sequer mora, provavelmente, no Restelo.

'E tem imensa razão.' digo eu. Dava para isso e, se calhar, para muito mais. E dava para pagar o vencimento e as despesas de representação de mais 200 000 directores-gerais, altos-comissários e boy's em geral, já para não falar dos Falcon's ao serviço do Vaticano e dos Ministros em gestão.

Ou então, dava para reconstruir, remodelar, reformar e requalificar todas as infraestruturas deste tipo já existentes, mas que se encontram completamente degradados e profundamente desadequados, em relação à necessidades actuais.

Também podia contribuir para reformular e redimensionar o sistema de Ensino, ou o sistema judicial, ou o sistema de investimento na Investigação e na Cultura, de forma a promover o crescimento de uma sociedade com capacidade de análise crítica, que não embarque em discursos demagógicos e provincianos, que não se deixe arrastar por histerías colectivas de cariz nacional-cordeirista.

É que, para alcançar estes fins, é essencial adquirir conhecimentos, estimular a amplitude de raciocinio, ser sujeito à influência de formas diferentes de olhar para o que nos rodeia, aprender a avaliar e discutir as realidades através de argumentos que não se enraízem em estados de alma e/ou status quo.



Olho para a Casa da Música e acredito que um dos seus objectivos passa por proporcionar aos visitantes momentos de imersão na arte e expansão da consciência.

Oiço alguns a dizer que 'só vai servir as elites' e, na mesma frase, 'nem sequer construiram um fosso de orquestra, que permita a apresentação de espectáculos de ópera e ballet'. A minha resposta é: 'hã?!?'

Naturalmente, tenho vontade de ver os responsáveis pela imoral derrapagem orçamental do projecto serem exemplarmente julgados e punidos.

Mas, apesar de tudo o que de menos positivo a possa rodear, penso que a Casa da Música é um projecto marcante e essencial para o desenvolvimento do Porto e de Portugal.

Dia Santo


Inicia-se amanhã o conclave que vai eleger, com o auxílio do espírito santo, um novo Papa. Teme-se o pior.

Entretanto vai-se intensificando a onda de beatificações e canonizações de todo e qualquer indivíduo que tenha estado, de algum modo, ainda que remotamente, ligado ao fenómeno de Fátima. Aguarda-se ansiosamente a abertura dos processos de beatificação de António de Oliveira Salazar, António de Oliveira Guterres e do Abominável Coiso das Neves.

Ah! Têm que estar mortos? Faça-se justiça, então!

Qualquer dia estão a querer classificar o santuário de Fátima como Património da Humanidade, pela UNESCO.

Comer o Coração


Comer o Coração é o título da obra que representou Portugal na 26ª Bienal de São Paulo. Uma obra única e inédita produzida especialmente para essa ocasião. Um trabalho de concepção e criação conjunta entre o escultor Rui Chafes e a coreógrafa e bailarina Vera Mantero, que agora é apresentada no CCB.

“O título é uma metáfora para a violência da vontade de arrancar ao desenho das formas ou à presença viva de um corpo, a inatingível completude de uma presença plena.

Através da construção imaginada por Rui Chafes, o corpo de Vera Mantero liberta-se do chão e animado pelos desenhos que o redesenham, prossegue a procura de um lugar extraordinário, para além de todas as conveniências. Escultura em ferro e corpo vivo. Coreografia sem chão, para um ser humano e ferro com o mundo à volta.”
Alexandre Melo, comissário




Vera Mantero em "Comer o Coração"

Não gostei. A performance de Vera Mantero pareceu-me dolorosamente próxima de uma manifestação mista de autismo e esquizofrenía, a vários níveis. Pronto, estou a ser mauzinho, eu sei. Mas, tendo em conta trabalhos anteriores desta coreógrafa, esperava melhor.

sábado, abril 16, 2005

O que é um homem sexual?


Sim, é isso mesmo que estão a pensar. A expressão "homem sexual" quer mesmo dizer homossexual. O que, no contexto deste livro, não me choca por aí além, embora o conteúdo não se resuma a este assunto.

Numa altura em que jovens e educadores - pelo menos os mais arejados - clamam pelo acesso à educação sexual, um livro desta natureza, é bem vindo. Pretende satisfazer algumas dúvidas essenciais e, sobretudo, motivar o diálogo com uma abordagem mais sensível e nos ambientes mais propícios: a familia e a escola.


"Este livro é
para ler nas entrelinhas,
para oferecer as primeiras palavras a uma conversa,
para descongelar o medo de falar disto e daquilo. É
para ser lido em família, à lareira, no jardim,
ao adormecer
pelos maiores e pelos mais pequenos, é
para brincar e aprender a ler outros livros, é
uma pequena quantidade de matéria prima
para uma primeira conversa e
para todas as que se seguirem, é uma agenda
para fazer anotações.
Não é um manual mas pode estar sempre à mão, é
para oferecer tempo, se ele for escasso
para conversar."





"Namorar é fazer música com os olhos. Alguém escuta com os ouvidos do coração e as pupilas a arder."
João Pedro Mésseder

domingo, abril 10, 2005

A Ceia dos Cardeais

Qual Policarpo, qual Ratzinger!!!

Abaixo o Sodano! Viva Sodoma!!!

Estes sim, são verdadeiramente papáveis.


Arcebispo Clooney


Cardeal Gere


Monsenhor Ford

Mas, se a tradição ainda for o que era, o escolhido acaba por ser um desconhecido. Eu escolho este, que não sei quem é, mas acho que tem muito para dar à humanidade.




Chris Jensen

Como tornar-se doente mental

Esta posta vai com uma dedicatória especial. Não é nenhuma insinuação e não tem segundo sentido. É apenas uma bricadeira, uma provocaçãozinha. Em anexo segue um abraço e um agradecimento pela visita.


Para o Pedrocas.

Porque de médico e de louco todos temos um pouco.

Este livro é o único de carácter demarcadamente técnico na minha biblioteca pessoal e é um dos meus preferidos de todos os tempos. Ensina-nos como ficar de baixa durante metade do ano (ou mais!) e, ao mesmo tempo, a infernizar a vida de família e amigos, de um modo muito criativo.

Não tenho a menor dúvida de que a generalidade dos "psis" olharão para este livro com um sorrisinho trocista e ligeiramente desdenhoso. Mas não é por isso que ele deixa de ser interessante e divertido.

No meu tempo...

Tenho andado numa onda de saudosismo, ou melhor, revivalismo. Mas deve ser uma coisa geracional, ou cósmica, visto que não sou o único. Não há jantar de aniversário ou jantar de amigos em que não salte, no meio da conversa, a recordação de um anúncio ao Restaurador Olex - "um preto de cabeleira loira!? Um branco de carapinha!?..." - do Festival da Canção, dos Jogos Sem Fronteiras, do Carlos Paião, das Doce, da Lara Li, dos DaVinci, do Zeca Afonso, da Simone, do Sport Billy, do He-Man(!), a Rua Sésamo, o Lecas do Clube dos Amigos Disney, a Árvore dos Estapafúrdios... ui, tanta coisa! Em resumo, tudo o que marcou uma infância e juventude decorridas durante os anos oitenta e princípios dos anos noventa.

E então, eis que me deparo com isto:



"Provavelmente não se lembra dos tempos em que só havia 4 canais de televisão, talvez fique até surpreendido se lhe disser que chegou a haver só UM!!!! Não havia MTV, não havia GigaShopping, não havia noticias 24 horas em português, não havia (horror dos horrores) zapping… Mas havia o TV Rural com o Engenheiro Sousa Veloso, o Zip Zip, Julio Isidro no Passeio dos Alegres, o Festival da Canção fazia parar o país, o indicativo da Eurovisão fazia correr os adeptos do desporto rei para o sofá, havia o Vasco Granja, o Herman José era magro, não era louro e não tinha nem o Bentley nem o iate… e havia os heróis deste cd: a Heidi, o Wickie, a Abelha Maia, a Pipi das meias altas, Jacky o Urso, o Saltarico Flip, o D'Artacão e os três moscãoteiros e a Julieta, claro. Todos eles tinham uma canção, todas as canções foram agora reunidas neste cd. Tire a cor toda da TV, esconda o controle remoto e evoque outros tempos… "

Adília Lopes



Eu quero foder foder
achadamente
se esta revolução
não me deixa
foder até morrer
é porque
não é revolução
nenhuma
a revolução
não se faz
nas praças
nem nos palácios
(essa é a revolução
dos fariseus)
a revolução
faz-se na casa de banho
da casa
da escola
do trabalho
a relação entre
as pessoas
deve ser uma troca
hoje é uma relação
de poder
(mesmo no foder)
a ceifeira ceifa
contente
ceifa nos tempos livres
(semana de 24x7horas já!)
a gestora avalia
a empresa
pela casa de banho
e canta
contente
porque há alegria
no trabalho
o choro da bebé
não impede a mãe
de se vir
a galinha brinca
com a raposa
eu tenho o direito
de estar triste


Adília Lopes

domingo, abril 03, 2005

Na Terra dos Sonhos

.
Já aí está, em formato de livro, a publicação da obra poética do pai espiritual deste blogue. "na terra dos sonhos" reúne os poemas de Jorge Palma, desde 1971 até aos nossos dias, bem como uma completa discografía, onde podemos encontrar, disperso, o seu trabalho.



"na terra dos sonhos[poemas]"
Jorge Palma
Edições Quasi



Não vou desperdiçar tempo e espaço com palavras minha, desadequadas e insuficientes. Até porque na badana do livro pode ler-se, entre outras coisas:

"E de nenhum artista, de agora ou de sempre, malabarista, arquitecto, romancista ou músico, saberia dizer o mesmo e com esta ternura: gosto tanto das suas enormes qualidades como dos seus também visíveis defeitos, tanto das vitórias como das derrotas, tanto da surpreendente maneira como, no canto, supera uma frase, como da inesperada nota falsa que se pode intrometer sem que no entanto nada manche."
(...)
"É de raros artistas que se diz 'amo-o' e é claro que, nas nervuras da alma, no sopro do vento, naquele CD desarrumado que de vez em quando ponho, eu amo o Jorge palma, tanto. E ele me é tão companheiro, transparente, camarada."
Jorge Silva Melo

Compromissos

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'Então mas tu não andas com o H.?' pergunto eu na minha ingenuidade.
'Sim. Já andamos há quase um ano.'
'Então...'
'...'
Momento de impasse, até que eu recupere as minhas faculdades mentais.
'Aaaaah! Já percebi!

E percebi mesmo. O P. e o H. namoram há um ano. Aliás, estão a viver juntos desde há três meses. E têm o que se chama uma relação liberal. O que, em português, quer dizer que têm liberdade para ter sexo com outras pessoas, que não o companheiro oficial.

Estou muito longe da santidade, no que toca a relacinamentos. E esta é uma situação que não me é completamente estranha. O que não quer dizer que a aprove ou aceite. Falo por mim, claro. Talvez eu seja antiquado e quadradão, mas estas relações liberais sempre me cheiraram a esturro. Sempre me pareceram uma coisa do género 'ah, bom, olha, deixa-me aproveitar enquanto este tipo está disponível, e enquanto não aparece nada melhor!'

Como qualquer questão esta também tem duas faces. E quem aceita passivamente esta situação pode estar a passar um atestado de menoridade a si próprio, do tipo: 'não valho para grande coisa e não vou conseguir encontrar alguém que respeite os meus sentimentos; portanto mais vale fechar os olhos à incontinência sexual e à insensibilidade dele.'

Este tipo de acordos é particularmente famoso e recorrente entre os casais homossexuais. Sem qualquer razão lógica, quanto a mim. É apenas mais um mito que branqueia a entrega acrítica ao estereótipo.

Talvez eu esteja a ser pouco compreensivo, fruto da irritação, por ter sido convidado a participar num destes triângulos sexuais. Obviamente a minha resposta foi um rotundo 'NÃO', uma vez que eu sei que, ao contrário do que possa parecer, uma das partes deste acordo não se sente nada confortável com as cláusulas em questão.

Não vou condenar o P. e o H. pelas suas escolhas, mas não quero fazer parte delas. Não é isso que quero para mim. Não é uma questão de monogamia. É uma questão de confiança e de compromisso. Compromisso, antes de mais para comigo próprio, para com o meu bem-estar emocional e afectivo, para com o meu orgulho e amor próprio, para com os meus valores e princípios.